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Construindo pontes: o caminho rumo à educação inclusiva no Brasil e México

As equipes da Perkins no México e no Brasil colaboram para desenvolver programas e práticas inclusivas, compartilhando lições valiosas para garantir educação de qualidade para todas as crianças.

En un gimnasio escolar, una foto muestra a un gran grupo de niños, maestros y personal de Perkins posando para la cámara a lo largo de la pared.

Pedro é um menino brasileiro, cheio de vida, que frequenta o segundo ano na Escola Pública Abrao Salomão Domingues, em Suzano, uma cidade industrial nos arredores de São Paulo. Conhecido por sua personalidade amigável, Pedro se orgulha de completar suas tarefas rapidamente e ajudar seus colegas de classe. Na mesma sala de aula, Bernardo, um garoto de 7 anos, ocupa uma mesa maior ao lado de Tânia Pereira, uma agente de apoio à inclusão que trabalha com Bernardo diariamente, apoiando-o na conclusão de suas atividades e outras tarefas. Apesar de compartilharem a mesma sala de aula, Pedro e Bernardo diferem em um aspecto – Bernardo é um aluno diagnosticado com deficiência múltipla. Enquanto crianças como Pedro e Bernardo frequentariam escolas diferentes em outros países, o Brasil se destaca como pioneiro em educação inclusiva na América Latina. Desde a promulgação da lei de 2015 que promove a educação inclusiva, todas as escolas públicas do país adotaram a prática de alunos com e sem deficiência compartilharem o mesmo ambiente de aprendizagem. O Brasil emergiu como uma força líder em educação inclusiva na América Latina, e embora o sistema não seja perfeito, oferece lições valiosas que podem ser aprendidas para melhora contínua.

Toda criança pode aprender: abordagem inclusiva da Perkins

A Escola Abrao Salomão Domingues, em Suzano, faz parte dos Programas Modelo da Perkins, um programa que está estabelecendo novos padrões e tornando a educação acessível para todas as crianças. Ao colaborar com governos locais e escolas públicas selecionadas, o Programa Modelo oferece orientação especializada, formação e suporte aos professores e pais sobre as habilidades especiais necessárias para ajudar as crianças em sua jornada de aprendizagem.

Desde sua implementação na América Latina em 2019, os Programas Modelo da Perkins tiveram um impacto real na educação, alcançando aproximadamente 300.000 crianças no Brasil, Argentina e México apenas em 2023. No México, em particular, o programa desempenhou um papel significativo no aprimoramento da qualidade educacional dentro das escolas de educação especial.

Una foto de Andrea, vista de espaldas. Ella está arrodillada para estar a la altura del alumno Bernardo, quien viste un uniforme escolar azul y blanco. Bernardo sostiene la mano de Andrea y sonríe

Hoje, a educação especial no México está concentrada em dois serviços: os Centros de Atendimento Múltiplo (CAMs), que atendem crianças com deficiência desde a primeira infância até a transição para a vida adulta; e as USAERs, que são unidades técnicas de educação especial que garantem que os alunos que enfrentam barreiras de aprendizagem e estão em risco de exclusão recebam o apoio necessário nas escolas regulares mexicanas. Agora, ao entrarmos em 2024, o Programa Modelo da Perkins no México estará trabalhando com seis escolas regulares apoiadas pelos USAERs, destacando o compromisso da Perkins em promover a inclusão.

Aprendendo com o modelo de educação inclusiva do Brasil

Como parte de sua estratégia de crescimento, a equipe da Perkins no México viajou para o Brasil em novembro passado, imergindo-se em uma visita às escolas de Suzano para conhecer o modelo de educação inclusiva do país.

Durante esta visita, a equipe do México teve a oportunidade de testemunhar em primeira mão a concretização de um ambiente escolar inclusivo. Andrea Rocha e Carlos Orizaba, Coordenadores de Educação da Perkins para o México, observaram que a socialização entre alunos com e sem deficiências ocorre organicamente, promovendo uma atmosfera caracterizada por respeito, liberdade e colaboração. Os coordenadores ficaram surpresos com a ausência de incidentes de bullying relatada, já que um gestor da escola revelou que tais casos eram quase inexistentes, o que demonstra o quão profundamente enraizada a inclusão se tornou na cultura da escola.

Além de observar práticas escolares, a equipe do México mergulhou no aprendizado com a equipe da Perkins no Brasil. Os coordenadores brasileiros compartilharam ideias sobre as estruturas legais que apoiam a educação inclusiva e deram uma compreensão geral das estratégias empregadas nas Escolas Modelo do Brasil para cultivar o comprometimento dos professores no ambiente escolar. De particular interesse foi a implementação de programas educacionais individualizados, elaborados para atender às necessidades únicas de cada aluno, garantindo um monitoramento preciso e fomentando crescimento e desenvolvimento ótimos.

Ao final da visita a três escolas públicas em Suzano, foi realizado um intercâmbio com diretores escolares e educadores responsáveis pela Sala de Recursos Multifuncionais das escolas, um espaço escolar equipado com recursos projetados para assistência especializada aos alunos em inclusão. Os profissionais das escolas públicas de Suzano tiveram a oportunidade de compartilhar estratégias destacando o trabalho colaborativo entre as equipes escolares e suas práticas contínuas de desenvolvimento profissional para apoiar as necessidades de alunos com deficiências.

O poder de transformação que a inclusão social possui é significativo. Uma sociedade sensível à diversidade é necessária, com uma convivência diária, para mudar fundamentalmente práticas em todos os setores, como saúde, educação, trabalho etc. Gradualmente, isso deve se tornar um estilo de vida, não apenas práticas isoladas ou estratégias específicas

Andrea Rocha, Coordenadora Educativa para Perkins no México

Em uma conversa do time do México com o Secretário de Educação do Município de Suzano, Sr. Leandro Bassini, ele enfatizou que a verdadeira mudança começa quando pessoas com deficiência não apenas são reconhecidas, mas também incluídas e celebradas ativamente na sociedade. Ele destacou o papel crítico de fomentar uma cultura de respeito e inclusão, na qual cada indivíduo seja valorizado por suas contribuições únicas.

Para Andrea Rocha e Carlos Orizaba, é essencial adotar uma abordagem baseada em direitos, na qual não apenas os alunos com deficiência sejam incluídos, mas todas as crianças. Para eles, também é importante ter uma equipe escolar que atenda à diversidade e às necessidades de todos os alunos, incluindo líderes sensíveis e acessíveis, preocupados com o bem-estar dos estudantes.

Construindo pontes entre Brasil e México

Embora o México venha incluindo alunos em escolas regulares há muitos anos, a viagem de intercâmbio entre as equipes da Perkins mostrou como as políticas públicas, cultura e práticas inclusivas atuais do Brasil podem ser geradas quando governos, autoridades educacionais e profissionais estão comprometidos com o desenvolvimento de todos os alunos, em vez de pensar que a responsabilidade pela educação de alunos com deficiência cabe apenas aos serviços de educação especial. 

As valiosas lições obtidas a partir do modelo de educação inclusiva de Suzano e da assistência técnica da Perkins servem como um farol orientador, iluminando o caminho para um futuro mais inclusivo e equitativo para todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou origens. Esse intercâmbio intercultural destaca o poder da colaboração e do conhecimento compartilhado, garantindo que toda criança e jovem,assim como Pedro e Bernardo, possam ter sucesso em um ambiente que celebra a diversidade e promove a aprendizagem e o crescimento coletivo. 

Juntos, estamos construindo pontes para a educação inclusiva, criando um mundo onde o potencial de cada criança é reconhecido e cultivado.

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